Autor da pichação “L’amour Court les Rues“ acusado de abuso sexual por dezenas de mulheres

L'Amour Court les Rues Paris grafitti street art

Não é nem preciso já ter passeado pelas ruas de Montmartre, em Paris, para conhecer a famosa pichação (ou “tag”, como chamam os franceses) em que se lê “L’amour Court les Rues“ (“o amor corre pelas ruas”). Isso porque essa simpática inscrição criada pelo street artist e fotógrafo Wilfrid A. se tornou um fenômeno de instagram, tantas vezes os turistas e os próprios parisienses fotografaram e postaram a tag.

Mas, nos últimos dias, uma nova versão da incrição tem aparecido nas ruas de Montmartre: “Un Violeur Court les Rues” (“um estuprador corre pelas ruas”).

Segundo muitos testemunhos, o artista de 54 anos utilizava as próprias fotos postadas no instagram para contatar fãs do sexo feminino e propor encontros que nem sempre acabavam bem. Em uma investigação feita pela revista francesa Neon, diversas mulheres relatam experiências “no mínimo desagradáveis”, e algumas “traumatizantes”, com Wilfrid.

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O grafite mais famoso de Montmartre

A maior parte dos casos teria ocorrido nos últimos 15 anos, antes mesmo da criação da famosa pichação “L’amour Court les Rues” – segundo a Neon, o fotógrafo chegou a ser preso duas vezes, em 2013 e 2019, por acusações de abuso sexual, sem maiores consequências.

De acordo com os relatos, o fotógrafo abordava mulheres na rua e as convidava para posarem para um ensaio fotográfico. A maioria delas muito jovens – três delas relataram serem menores de idade. Ao chegar para a sessão de fotos, que ocorria sempre na casa de Wilfrid no 18º distrito de Paris, muitas delas afirmam ter sofrido tentativa de abuso sexual. Os casos relatados vão de 2009 a 2020, em plena quarentena.

Depois da publicação da primeira reportagem da Neon com o relato de 16 mulheres, como costuma acontecer em casos de abuso sexual em série quando são denunciados, dezenas de outras mulheres entraram em contato com a revista com depoimentos parecidos.

A versão de Wilfrid A.

O advogado de Wilfrid A. reconhece que o cliente é “obcecado por sexo” e certamente “não é um cavalheiro em suas abordagens”, mas defende que estamos diante de um típico caso de conflito de interpretações: o que para o artista ou antigamente era considerado apenas um flerte invasivo (“drague lourde”, na expressão em francês), hoje pode ser considerado um estupro.

O advogado terá agora que provar sua tese nos tribunais, já que 80 mulheres entraram com uma ação coletiva contra o street artist.

Foto em destaque de Lola Delabays no Unsplash

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